terça-feira, 6 de outubro de 2009

MANOEL ANTONIO DE ALMEIDA

MEMÓRIAS DE SARGENTO DE MILÍCIA

Romance de exceção em nosso Romantismo, tem um malandro no papel de herói e coloca a classe média em cena literária.


Publicado em forma de folhetim (entre 1852-1853), “Memória de um Sargento Milícias” contrasta com os romances românticos de sua época, primeiro por ter como protagonista como herói-malandro ou um anti-herói, conforme a opinião de alguns critica.
Apesar do titulo sugeri um narrador em 3ª pessoa, que conta a historia sem dela participar, e na posição de observador dos acontecimentos. O cinismo bem-humorado, as sistemáticas interferências nas situações sempre divertidas que relata, as ironias e as brincadeiras envolvendo costumes e personagens da época constituem alguns traços marcantes deste narrador, cujo juízo critico a respeito do que vai documentando algumas vezes revela-se de forma claramente de bochada.
Leonardo, o protagonista, desordeiro desde a infância, é um desocupado, que vive as custas dos outros.
Leonardo Pataca, o pai de Leonardinho, o é um mineirinho sentimental, enquanto sua mãe Maria da Hortaliça é infiel. Já o padrinho, o barbeiro, dedica atenção e dinheiro a Leonardo. O Major Vidigal, exemplo maior da lei da ordem, temido por todos, exerce as funções de policial e juiz, fazendo cumprir e executando as sentenças por conta própria.
Com linguagem despojada e precisa,em estilo coloquial, direto, Manuel Antonio de Almeida em memórias de um sargento de milícias, recria o cotidiano carioca do inicio de século XIX. As marcas de oralidade, de coloquialidade, o constante tom de jornal, e mistura de leveza e realismo aproximam a linguagem desta obra da literatura modernista, para a qual de deveria escrever como se fala. “com a contribuição milionária de todos os erros”, diria Oswald de Andrade mais tarde.
Em conclusão, nesta obra não aparecem vestígios do idealismo algumas vezes açucarado da literatura romântica estilo predominante na época que foi escrita.
Em vez disso, a constante combinação de ironia e espírito critico, de bom humor e registro jocoso de costumes populares, incluindo o linguajar, contribuem fortemente com a inserção destas memórias do guardo maiôs amplo da construção de uma literatura brasileira moderna.

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